Esta associação mutualista foi criada em 2 de outubro de 1892 e teve a sua primeira sede no Lugar de Loureiro de Cima, local onde ainda funciona.

Foram seus fundadores, entre outros, Manuel Dias dos Santos, Manuel de Sousa Barros, Manuel Ferreira e Sousa, Manuel Pinto Oliveira.

Refira-se que nesta época se viviam tempos difíceis dentro das classes populares, com salários baixos e ausência de comparticipações em caso de doença, acidente, invalidez ou morte. Vila Nova de Gaia já era, então, um importante centro comercial e industrial, com especial destaque para as indústrias ligadas ao vinho do Porto (tanoaria, caixotaria, etc.), à cerâmica, à produção de cigarros, entre outros. Devido às difíceis condições de trabalho e à insegurança social, os trabalhadores gaienses constituíram um grande número de associações de proteção social, de caráter mutualista, sendo Vila Nova de Gaia um dos concelhos do país com maior número de associações, facto que ainda hoje é uma realidade.

Todos os anos, esta associação grijoense festejava o seu aniversário com confraternização entre os sócios e festejos que incluíam arraial e música. Foi no decorrer de um desses festejos, precisamente no do ano de 1929, que a desgraça bateu à porta da associação. Assim, na noite a seguir à festa deflagrou um grande incêndio porventura resultante de algum material mal apagado e depressa as chamas reduziram a cinzas, o recheio, a documentação e o dinheiro. Algumas semanas volvidas reuniram alguns dos sócios numa casa privada, sob a presidência de Francisco Ribeiro Leal, para avaliar os prejuízos e analisar o futuro da associação. Constatou-se que um dos cofres tinha ardido, ficando destruído todo o seu recheio constituído por livros, documentação vária, cadernetas de poupanças, obrigações da Câmara do Porto e bilhetes do Tesouro. Foi ali decidida a hipótese de reconstrução do prédio e respetiva ampliação, pelo que se aprovou a compra de uma faixa de terreno para alinhamentos. Foi eleita uma comissão interina, constituída por João José Oliveira, José Dias de Almeida e Joaquim Ferreira da Silva, a qual tratou de organizar peditórios para as obras da sede.

Em 1935, já com mais de 4 000 associados, a associação grijoense passou a dispor de uma carreta para os serviços de funeral e em 1942 já colaborava com a organização dos funerais, nomeadamente através da oferta de velas e ajuda nas questões burocráticas dos funerais. A nível de assistência na doença havia, em 1935, um corpo médico constituído por 6 médicos. Em 1938 passou a dispor de serviço de partos e de pequenas cirurgias.

Em 1948, os gabinetes médicos foram dotadas de novos materiais clínicos, nomeadamente medidores de tensão e caixas de primeiros socorros. Estes consultórios funcionaram até fevereiro de 1975, data em que foram extintos, assim como as consultas ao domicílio.

Nas vésperas do Centenário a sede da Associação acusava algum estado de degradação o que não impediu a realização dos festejos. Estes tiveram a honra da visita do Presidente do Município gaiense, Heitor Carvalheiras, que se dispôs a apoiar as obras de recuperação. Dois anos passados as obras são dadas por concluídas e a associação contava com perto de 6 mil associados, facultando apoio médico prestado por cinco profissionais.

A Familiar de Grijó – Associação Mutualista, a centenária associação, com a antiga denominação de Associação de Socorros Mútuos Fúnebre Familiar para Ambos os Sexos em Grijó e Freguesias Circunvizinhas, continua a prestar os seus serviços de proteção social apoiando os associados nas horas difíceis.